Crise energética na Europa: Pontos turísticos de Paris se apagam mais cedo


A Europa vive, desde meados de junho, a pior crise energética da história, com perspectivas de impactos sociais e no turismo para os próximos meses. Nem mesmo Paris, conhecida como a Cidade da Luz, escapou dos cortes. A Torre Eiffel, principal atração turística da capital francesa, teve suas luzes desligadas uma hora antes do normal como medida de emergência. Ainda, foram adotadas outras medidas, como a redução da temperatura da água nas piscinas municipais e o atraso do aquecimento nos prédios públicos.

Essa e outras medidas foram anunciadas em setembro, pela prefeitura da cidade. O objetivo dessa contenção de gastos em energia visa atender uma meta do presidente da França de reduzir em ao menos 10% o consumo de energia — tanto para as famílias, quanto indústrias e órgãos públicos. Resorts, parques e outras atrações turísticas também têm enfrentado suspensões.

Medidas similares também foram adotadas em outros países da Europa — como a Alemanha, Reino Unido e Suíça — com foco na economia de consumo. Essa é a primeira vez que uma situação dessas é enfrentada desde a Segunda Guerra Mundial. O temor de que mais cortes sejam necessários surgem justamente no período em que o inverno inicia, trazendo consigo riscos de prejuízos sociais e turísticos por todo o continente.

Afinal, quais são as causas desta crise energética?

O período que foi caracterizado pelo presidente francês como “fim da era de abundância” aponta as consequências da guerra entre Ucrânia e Rússia. Atualmente, a geração de energia elétrica do continente europeu é muito dependente do fornecimento de petróleo e gás russo. Portanto, a escassez é resultado da redução no fornecimento. Com o andamento da guerra, a situação não tem previsão de fim.

Alguns países europeus chegam a ser 100% dependentes desta fonte de energia. Por isso, a redução no gasto energético tem como objetivo abastecer os estoques de gás o máximo possível, como forma de prevenção a um possível corte total. Diante desta ameaça, os países que fazem parte da União Européia começaram a se organizar ainda em junho deste ano, quando firmaram um acordo para reduzir o consumo de gás em 15%.

Embora a Rússia ainda não tenha anunciado nenhum corte definitivo, aumentos no preço do megawatt-hora e suspensões temporárias — com alegações de falhas técnicas — já aconteceram. O efeito reflete diretamente na conta de luz e gás: na Alemanha, Itália e Reino Unido, o acréscimo já chegou a 400% em comparação ao ano passado.

A estação mais fria do ano iniciou na última quarta-feira (21) no continente europeu. Com as temperaturas baixas e as ameaças de cortes no abastecimento à gás, os riscos podem variar: apagões, população exposta ao frio intenso e outras consequências econômicas, que impactam inclusive o turismo.

Energia solar cresce como alternativa

A ameaça dos cortes, somada à necessidade de reduzir o consumo de gás, fez com que a geração de energia solar atingisse recordes durante o verão na União Européia. Entre maio e agosto deste ano, o continente registrou um aumento nas instalações fotovoltaicas que resultou na geração recorde de 12% de eletricidade com a energia solar. O levantamento faz parte da apuração de dados do Ember, instituição com foco em refletir sobre o cenário ambiental do Reino Unido.

Ainda conforme o mesmo relatório, essa participação foi 28% maior do que no verão anterior. Analistas da Ember estimam que a União Européia gerou, ao todo, 99,4 terawatt-hora (TWh) de energia solar durante o verão — número maior do que os 77,7 TWh registrados no mesmo período do ano passado. O valor corresponde a 9% da geração total de eletricidade.

A Alemanha enfrentou uma verdadeira corrida por painéis solares nos primeiros seis meses deste ano. Nesse período, conforme apontam dados da da Associação Solar Alemã, o país viveu um acréscimo de 22% na instalação de placas fotovoltaicas. O aumento foi registrado de forma plural, tanto em residências quanto em empresas, desde pequenas instalações até grandes fazendas solares.

Bom para a conta e para o planeta

Não é apenas em uma situação de crise energética que a energia solar surge como alternativa. No Brasil, ela tem surgido com força com o propósito de reduzir custos e impactos ambientais relacionados à eletricidade, além de ser uma alternativa para contornar os constantes aumentos tarifários e cobranças extras com a bandeira vermelha — acionada quando os reservatórios de água ficam abaixo do nível esperado nas hidrelétricas.

Utilizar um sistema fotovoltaico representa economias de até 95% na conta de luz, fim do risco de apagões ou interrupções no abastecimento, vida útil de até 25 anos com baixos custos de manutenção, entre outros benefícios financeiros e ecológicos.

28 set 2022


Por G1